Ao menos 24 estados e DF têm atos pró-Bolsonaro e a favor do voto impresso

Ato a favor de Bolsonaro e pelo voto impresso na Avenida Paulista,
em São Paulo Foto: NELSON ALMEIDA / STF
Em meio a manifestações a favor do governo, o presidente Jair Bolsonaro voltou a ameaçar a eleição de 2022 caso não haja o voto impresso. A fala do mandatário foi transmitida ao vivo para o ato que acontecia em Brasília. Ao menos 24 estados e o Distrito Federal tiveram manifestações pelo voto impresso neste domingo. Segundo o G1, os atos ocorreram em 25 capitais, entre elas Rio, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.

Durante a tarde, em um discurso transmitido para os participantes da manifestação em Brasília, Bolsonaro repetiu a ameaça de que a eleição do próximo ano pode não ser realizada caso a proposta de voto impresso não seja aprovada. Bolsonaro falou por telefone e sua mensagem foi veiculada pelo carro de som que acompanha o protesto na Esplanada dos Ministérios.

— Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição. Nós, mais do que exigimos, juntos, porque vocês são de fato o meu exército, o nosso exército, (vamos) fazer com que a vontade popular seja expressada na contagem pública do votos — disse, acrescentando: — Juntos, nós faremos o que tiver que ser necessário para que haja contagem pública dos votos e tenhamos eleições democráticas no ano que vem.

O presidente disse que o seu "último alerta" será convocar uma manifestação em São Paulo em defesa do voto impresso, mas não deixou claro se estava se referindo ao protesto deste domingo na capital paulista. De acordo com ele, a vontade desse manifestação será cumprida "em Brasília".

— Se vocês assim desejam, se depois dessa manifestação que está havendo em vários locais do Brasil, algumas autoridades continuarem se mostrando insensíveis, sobra para mim uma última oportunidade. Repito, convocar o povo, convidar o povo de São Paulo, a comparecer à Paulista. E, de acordo com esse efetivo, vocês realmente nos sinalizando como devemos nos comportar, esse desejo de vocês será cumprido aqui em Brasília.

No Twitter, Bolsonaro anunciou que além de Brasília falou por telefone para manifestantes em Belo Horizonte e no Rio. "Pela contagem pública dos votos e possibilidade real de sua auditoria", escreveu o presidente.

Bolsonaro também criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, dizendo que eles ele é contra a transparência nas eleições.

— A maioria da Câmara, pelo que eu sei, é favorável ao voto impresso. É uma minoria que foi agora escolhida por líderes depois de uma reunião com o Barroso. Um ministro que deveria ser o primeiro a estar do lado da transparência das eleições, está exatamente do outro lado — afirmou, enquanto os manifestantes vaiavam Barroso.

Bolsonaro vem questionando, sem provas, a lisura do processo eleitoral brasileiro. O presidente e seus aliados alegam que voto atualmente não é auditável e pode ser alvo de fraudes. No entanto, desde a implementação da urna eletrônica, não há provas de fraudes nas eleições brasileiras. Tais declarações também são rebatidas por especialistas eleitorais. Quando o eleitor dá seu voto na urna eletrônica, ele passa por uma certificação digital em um sistema avaliado publicamente antes mesmo da votação.

No Rio, o ato aconteceu no posto 5 da praia de Copacabana, Zona Sul da cidade, e teve a presença do deputado bolsonarista Helio Lopes (PSL-RJ). A Policia Militar, a Guarda Municipal e agentes da CET-Rio estavam no local. Na capital fluminense, os manifestantes ocuparam a orla da praia de Copacabana e chegaram a interditar a Rua Miguel Lemos na altura da Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Em Belo Horizonte, a manifestação foi feita na Praça da Liberdade. No estado do Rio, também houve manifestação em Niterói, na praia de Icaraí. Nas redes, a hashtag #BrasilPeloVotoAuditavel foi um dos assuntos mais comentados no Twitter.

Em Ipanema, também na Zona Sul do Rio, um homem foi atropelado após se envolver em uma briga durante a manifestação. O economista Eduardo Baco, de 49 anos, teve uma fratura exposta na perna e está internado no hospital Copa D’Or, onde aguarda por cirurgia.

Debaco contou que havia saído para correr na tarde deste domingo quando se deparou com o protesto a favor do voto impresso, pauta defendida pelos bolsonaristas. Ele diz que comentou que as pessoas no ato não estavam de máscara. O comentário fez com que um manifestante o agredisse e o jogasse em direção à rua, fazendo com que o economista fosse atropelado, segundo ele conta.

— Saí de casa para correr e passei por bolsonaristas com a camisa da seleção brasileira, duas mulheres e um homem. Comentei “bolsonarista não usa máscara”. Foi o suficiente para que o homem partisse em cima de mim, tentou me agredir. Eu me desequilibrei, cai no asfalto. Antes de me reerguer, ele veio com uma nova carga que me arremessou para cima de um carro, que passou com a roda em cima da minha perna — conta Debaco, em vídeo compartilhado nas redes.

De acordo com a Polícia Militar, agentes do batalhão da área foram até o hospital Copa D’Or para verificar a ocorrência. A corporação informou que não foi acionada na hora da agressão e que o motorista socorreu Debaco e o levou para a unidade particular de saúde. A Polícia Civil informou que o caso foi registrado na delegacia de Copacabana, mas será encaminhado para a unidade do Leblon, que é responsável pela área onde houve a agressão. O caso será investigado.

Em São Paulo, o ato teve dois pontos de concentração com carro de som na Avenida Paulista, na altura do Masp e principalmente na Fiesp, onde diversos políticos bolsonaristas discursaram a favor do voto impresso. Como de costume nos atos a favor do governo, manifestantes aglomerados apenas nestes trechos da via trajavam verde e amarelo e empunhavam faixas e cartazes com ataques ao governador João Doria e às instituições democráticas como o TSE e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Não faltavam também críticas ao PT, o ex-presidente Lula e a defesa do combate à corrupção. Não havia menção à aproximação recente entre Bolsonaro e o bloco dos partidos do Centrão, conhecido por trocar apoio por cargos. Na semana passada, o presidente nomeou na Casa Civil o senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos líderes do Centrão e com uma ficha corrida de acusações de corrupção na operação Lava-Jato.

extra.globo.com
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