Após fim da produção no país, automóveis da Ford podem ter preços de revenda desvalorizados

(Antiga fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo
Foto: Arquivo)
A Ford vai encerrar a fabricação de automóveis no Brasil, o que deve resultar na demissão de cinco mil empregados no país e na Argentina — a produção lá, no entanto, será mantida, assim como no Uruguai. A empresa citou como motivos um “ambiente econômico desfavorável” no Brasil, que foi agravado pela pandemia.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios, Antônio Fiola, ressalta que a Ford se compromete com o abastecimento de peças e que outras fábricas sistemistas irão continuar atuando normalmente no mercado de reposição, uma vez que há uma frota de carros da marca nas ruas. Apesar disso, acredita que alguns motoristas não irão querer manter seus veículos após esse comunicado, o que pode ocasionar excesso de oferta e desvalorização dos preços de revenda. Já os automóveis novos, que serão produzidos no exterior, podem ter os preços elevados em um primeiro momento.

— Ver uma indústria com mais de 100 anos se retirando do Brasil nos entristece, mas é inevitável que procurem novos modelos de negócios. Na verdade, a fábrica se aproveitou de um momento oportuno: como a produção estava em queda em virtude da pandemia, os impactos que ela poderia sofrer com essa mudança podem ser minimizados — opina Fiola.

Ilídio dos Santos, presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), lamenta a notícia da saída de "uma das maiores montadoras mundiais e com carros de alta qualidade no mercado brasileiro". Segundo ele, o próprio mercado irá regular essa situação e se adequar à essa nova realidade, como já aconteceu com outras marcas que deixaram de ser produzidas no Brasil.

O anúncio da montadora americana surpreendeu tanto políticos como o setor produtivo. A indústria automotiva puxa toda uma cadeia de fornecedores, ou seja, o fechamento dessas fábricas será um duro golpe para a produção industrial brasileira. No país desde 1919, a Ford já obteve R$ 20 bilhões em incentivos fiscais.

A produção será interrompida imediatamente em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), com a fabricação de algumas peças continuando por alguns meses para sustentar os estoques para reposição. A unidade da Troller em Horizonte, no Ceará, vai operar até o quarto trimestre deste ano. As vendas de EcoSport, Ka e T4 continuarão só até o fim dos estoques.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que a decisão da Ford é um sinal de alerta para o Congresso e as três esferas de governo “sobre a necessidade de aprovar, com urgência, medidas para a redução do Custo Brasil”. O vice-presidente Hamilton Mourão admitiu que a notícia não é boa e afirmou que a companhia poderia ter retardado a saída. O BNDES afirmou que vai pedir explicações (foram cerca de R$ 3,5 bilhões em linhas de financiamento).

A Ford informou que vai manter a assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia para seus clientes no Brasil.

Após fim da produção no país, automóveis da Ford podem ter preços de revenda desvalorizados Após fim da produção no país, automóveis da Ford podem ter preços de revenda desvalorizados Reviewed by www.oblogdepianco.com.br on janeiro 17, 2021 Rating: 5

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