
Casamentos entre pessoas do mesmo sexo atingem recorde na PB com aumento de 90%: ‘O amor sempre prevalece’
“O nosso objetivo era muito pessoal e íntimo. Queríamos nos casar por uma questão de seguridade e de exercício de direitos. E, claro, sabíamos que após o nosso casamento, haveria uma abertura maior, um reconhecimento, por parte das pessoas, em relação à realização de casamentos, já que se trata de um casamento civil. Então, isso foi muito importante para a população LGBT de Campina Grande, que passou a entender e desfrutar dos seus direitos. Inclusive, o de casar”, disse Mário.
Em 2013, o casamento coletivo, evento secundário que acontece dentro do São João de Campina Grande, no Agreste da Paraíba, celebrou as primeiras uniões homoafetivas da história. Ato representativo, já que desde 2011 o casamento homoafetivo foi considerado constitucional e regulamentado, no Brasil, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta sexta-feira (17) é celebrado o Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia e o Núcleo de Dados da Rede Paraíba de Comunicação analisou algumas estatísticas sobre os casamentos e crimes relacionados à comunidade LBGTQIA+. O primeiro casal homoafetivo a dizer sim dentro da pirâmide do Parque do Povo, onde acontece a maior parte da programação do São João de Campina Grande, era formado pelo funcionário público Mário Wilson e o garçom João Leal, que apesar de hoje não estarem mais juntos, reconhecem a importância, para a sociedade, da decisão que tomaram.
“Desde a década de 90, quando o casamento coletivo surgiu, a ideia sempre foi celebrar a data do dia dos namorados, onde também é comemorado o dia do Santo Casamenteiro, Santo Antônio, utilizando a forma legal, para garantir o acesso, principalmente, aos casais mais humildes, de se casarem”, disse Giseli.
O casamento coletivo celebra 32 edições realizadas neste ano de 2024 e durante essas décadas de história, mais de dois mil casais já disseram sim. Durante a oportunidade, os casais têm todos os gastos relacionados à união, que vão desde as taxas de cartórios, até as vestimentas tradicionais, pagos pela prefeitura da cidade. A professora e pesquisadora Giseli Sampaio, que esteve na organização do evento durante mais de 10 anos, falou sobre a importância do casamento coletivo para o acesso ao exercício do direito de casar.
A professora também falou sobre a importância da celebração de casamentos homoafetivos dentro do evento. “Em 2013 foi o primeiro ano em que tivemos uniões homoafetivas. Essa primeira união foi tão emblemática e significativa, que desde então os números de casais do mesmo sexo com interesse em utilizar a festa para se casar só cresceu”, afirmou.
Casamentos homoafetivos cresceram na Paraíba
Os casamentos entre pessoas do mesmo sexo vêm crescendo na Paraíba. Segundo dados das estatísticas do registro civil, divulgadas em abril deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo cresceu 90,3% em dois anos. O crescimento é maior que o número de casamentos entre pessoas do sexo oposto, que apresentou alta de 30,7%. O levantamento considera apenas os casamentos civis registrados em cartório, e não as uniões estáveis. Foram 198 registros de casamentos homoafetivos em 2022. Os casais entre mulheres representam 64% do total. Já de acordo com a Associação dos Notários e Registradores da Paraíba (Anoreg-pb), em 2013, primeiro ano de vigência da autorização nacional dos casamentos homoafetivos, foram 29 celebrações, seguidas por 31 em 2014, 49 em 2015, 58 em 2016, 89 em 2017 e 105 em 2018. Em 2019, foram 112 celebrações, enquanto em 2020, primeiro ano da pandemia, totalizou 104. No ano de 2021 os matrimônios tiveram um aumento significativo sendo 139 atos realizados. Em 2022, a Paraíba atingiu um recorde, sendo 227 casamentos realizados, aumento de 63% em relação ao ano anterior.
Crimes contra comunidade LGBTQIA+
Apesar de já terem se passado mais de 10 anos e com o acesso a direitos como o reconhecimento do artigo 5º da constituição, que define, desde 1988, que todos são iguais perante a lei “sem distinção de qualquer natureza”, a violência não cessou, nem deixou de existir. A Paraíba registrou 73 assassinatos contra a comunidade LGBTQIA+ somente de 2017 a 2022. Os dados são do Relatório Acompanhamento dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano (Sedh) solicitados e analisados pelo Núcleo de Dados da Rede Paraíba de Comunicação.
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